Tens olhar cristalino…
igual ao despertar do sol,
sob a ternura do mar,
que te embala, te deseja, te admira!
Tens boca agridoce…
silenciosa, feita de fios de luar,
correndo desejosa por palavras
bafejadas pelo calor do deserto!
Tens mãos esguias…
travessas, apetitosas,
esperando aquecer o frio que meu corpo
transporta, quando corre para o teu!
Teu corpo…
feito de cetim, cobre o meu,
e abrem-se as janelas de nós,
para que o suave entardecer
nos desperte, nos beije,
e abençoe este amor
que tudo tem enfrentado!
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©{{coral}}
... escrevinhando…
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Textos e poemas registados na SPA
O poema
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Livro Sexto (1962)
. CAMINHANDO NAS PALAVRAS.....
. PARA TI